Uma (espécie de) receita para ser feliz




Hoje acordei com o tímido nascer do dia. Antes da chuva (re)começar a cair. Sem despertador. Sem pressa. Sem contrariedade. Aproveitei o silêncio que àquela hora envolve a casa e entreguei-me, sem reservas, a um tempo só meu, sem diálogos ou interacções. Apenas eu e os meus pensamentos. 
Definitivamente, sou uma pessoa das manhãs. É neste momento do dia que tudo me parece mais claro, mais evidente. É de manhã que consigo dar ordem às ideias que se vão avolumando nos dias em que não tenho tempo, nem vagar (nem disponibilidade mental) para as explorar, deixar fluir e ordenar.
Hoje depois de uns (intermináveis) dias em off, em que o meu pé mal me permitia sair da cama sem ajudas, começo a sentir a segurança necessária para resgatar (alguma da) a minha autonomia.
Devagarinho, titubeante e sem pressa, saí da cama e fui até à cozinha, reencontrar-me com um dos meus maires prazeres: cozinhar! Esta hora matutina pedia simplicidade e conforto. Sem pensar muito, comecei a preparar umas papas de aveia, comme il faut, seguindo à risca as proporções que, para mim, lhe dão a textura ideal: cremosas mas com alguma consistência!
Embrenhada na minha missão, a receita foi fluindo e dou por mim a sorrir com estas estas pequenas (re)conquistas da autonomia e automaticamente sou levada a colocar em perspetiva algumas frustrações que se vão acomodando cá dentro… tudo se relativiza. A paz de espírito tem este poder. Acalma o ímpeto. Traz a fé (inabalável) de que tudo chega no momento certo. A cada um, nos nossos dias, nas nossas vidas, cabe a maravilhosa tarefa nos prepararmos para esse momento. Trilhar o caminho e construir, de dentro para fora, uma estrutura sólida que potencie o que de melhor em nós. E relembrar, todos os dias que o amor é, definitivamente, a chave que dá sentido ao caminho.

E esta papa de aveia coroou o doce início da manhã. O simples tornou-se sublime.   

MATERIA PRIMA
* 1 chávena de aveia de preferência biológica * 3 chávenas de água * 1/3 de chávena de leite vegetal (gosto de usar de amêndoa e côco, mas pode ser qualquer um) * 1 pitada de sal marinho * Geleia de agave a gosto * 4 amêndoas grosseiramente picadas (ou qualquer outro fruto seco) * ½ dúzia de lasquinhas de côco seco * sementes de papoila para polvilhar

PASSO-A-PASSO
Num tachinho colocar a aveia, a água e o sal. Mexer e levar a cozer em lume médio, cerca de 12 minutos. Quando lentar fervura, reduzir o lume para o minímo, deixando que borbulhe muito lentamente. Enquanto coze, convém dar uma ou outra “mexidela” para não deixar que agarre ao fundo.
Acrescentar o leite vegetal, envolver na papa e deixar cozer mais 3 minutos.
Quando a para estiver cozida e o leite estiver incorporado, servir num prato fundo ou numa taça.
Deixar repousar uns segundos e regar com a geleia de agave a gosto. Juntar as amêndoas, o coco e as sementes e está pronta!

Notas:
* Para todas as papas de aveia que faço uso sempre a proporção 1 medida de aveia para 3 medidas de água. Levei tempo a acertar mas acho que esta é a proporção ideal.
* Para mexer a aveia durante a cozedura, uso o cabo de uma colher de pão (e não a propriamente a parte da colher). Pode ser mania, mas acho que ajudar a chegar à textura pretendida.
* Só acrescento o adoçante depois de servir a papa (neste caso usei geleia de agave mas usar-se qualquer outro, como mel, açúcar de coco, geleia de arroz, etc). Deste modo controlo melhor a quantidade de doce por porção e aproveito as propriedades do adoçante em cru)
* A partir desta base (aveia, agua, sal e leite vegetal), pode depois guarnecer-se com o que mais gostarmos, frutos secos, sementes, fruta fresca, canela, raspa de limão. As combinações são imensas e dá para variar todos os dias.  

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